
Notcias
20.06.16
Diagnstico do lixo
Segunda etapa do Projeto RSU Energia tem início com levantamento sobre a geração de resíduos sólidos
Apesar da cobertura total pela coleta seletiva de resíduos porta a porta no bairro Centro de Bertioga, 51,1% dos moradores desconhecem o serviço oferecido pela prefeitura – por outro lado, 52,3% deles colaboram para a destinação correta do lixo de alguma forma, como o envio de material reciclável aos postos de entrega voluntária que estão espalhados pela cidade: esta é uma das primeiras conclusões do IPT na nova fase do projeto de pesquisa RSU Energia, que avalia alternativas de separação e tratamento de resíduos sólidos urbanos e teve início no final do mês de maio. Os dados coletados servirão como base para o detalhamento de ações futuras visando avaliar alternativas que aumentem a quantidade de resíduos destinados à coleta seletiva.
Maior região administrativa da cidade, o bairro Centro produz em sua totalidade cerca de 2.120 quilos de resíduos sólidos urbanos diariamente e foi o selecionado para a coleta de dados por meio de entrevistas pessoais em um período de três dias. As condicionantes para a escolha do bairro foram o atendimento pela coleta seletiva (não são todas as áreas do município que são cobertas pelo programa municipal de coleta seletiva porta a porta), a presença de veranistas e a existência de uma área comercial, para que fosse possível compor um retrato do município.
As primeiras atividades no bairro haviam sido dedicadas à caracterização e à quantificação dos resíduos gerados pela população, destinados tanto à coleta regular quanto à seletiva. A equipe de pesquisadores realizou um levantamento para saber a composição física e gravimétrica dos resíduos no bairro. Esse procedimento é usado para conhecer o percentual de cada componente presente em uma massa de resíduo e avaliar o potencial de reciclagem. Os dados da coleta regular apontaram a predominância de materiais orgânicos e contaminantes biológicos (59,6%), vindo a seguir papel/papelão (16,1%) e materiais poliméricos (15,8%); no caso da coleta seletiva, o papel/papelão respondeu por pouco mais da metade do material separado (55,2%) e, em seguida, os materiais poliméricos (13,8%).
“Queremos entender o que esta população está gerando e também o grau de importância que ela dá ao problema, a fim de levantar as dificuldades e obter subsídios que ajudem a elaborar um plano de intervenção e, no futuro, melhorar a adesão à coleta seletiva e, consequentemente, a limpeza urbana”, explica a pesquisadora do Laboratório de Resíduos e Áreas Contaminadas do IPT, Claudia Echevenguá Teixeira, que é também coordenadora do projeto. A participação da população em atividades que melhorem a gestão de resíduos pode ser prejudicada, segundo ela, pela ineficiência dos coletores, infraestrutura insuficiente, falta de informações sobre os sistemas de coleta e separação, mau planejamento das rotas de coleta e insuficiência no número de caminhões para garantir um atendimento adequado à demanda.
Posteriormente foi realizada então a avaliação de percepção dos cidadãos por meio da aplicação do questionário, com perguntas destinadas a identificar fatores associados à geração, à forma de manejo dos resíduos e à importância dada pela população ao tema.
QUESTIONÁRIO E RESULTADOS - O questionário de 57 perguntas foi elaborado pela equipe do projeto em parceria com uma mestranda em Gestão Ambiental e Sustentabilidade da Universidade Nove de Julho que participa do Projeto Novos Talentos do IPT, Natalia de Araújo.
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Questionário de 57 perguntas foi aplicado em 90 residências em três dias do mês de maio |
“Fizemos as entrevistas em um final de semana prolongado, no feriado de 26 de maio (Corpus Christi), porque era necessário coletar informações tanto de moradores quanto de veranistas”, completa a pesquisadora Letícia dos Santos Macedo, também do Laboratório de Resíduos e Áreas Contaminadas.
Os primeiros resultados computados pelos pesquisadores mostram que existe um potencial de alcançar um índice de 38,4% do total de resíduos sólidos gerados no bairro para a coleta seletiva (materiais recicláveis e rejeitos), mas somente 2,5% dele tem hoje esta destinação. “No entanto, um fato positivo já chamou a atenção: o nível de contaminação do material separado e recolhido é pequeno”, afirma Claudia. “Isso demonstra que, apesar da mobilização não ser tão alta, as pessoas fazem corretamente a separação dos materiais e não misturam material orgânico, por exemplo, com garrafas plásticas e vidro”.
Claudia lembra que o resíduo é uma matéria-prima secundária e, para que qualquer tecnologia tenha êxito e gere algum benefício, como energia, é necessária a disponibilidade de matéria-prima – e isso depende da separação, uma atividade em que a população desempenha um papel fundamental. “A operação torna-se mais complicada quando a separação não ocorre na origem. Mesmo com a existência de uma operação mecanizada, é difícil melhorar o desempenho de um sistema de aproveitamento sem a participação dos cidadãos”, completa ela. “Queremos medir tecnicamente a capacidade de estimular a população com uma série de ações educacionais, além da ampliação de postos de entrega voluntária (PEVs) e da coleta porta a porta, por exemplo”.
Um dos principais desafios do projeto no município (talvez o maior) será como tratar a questão da sazonalidade, com populações flutuantes e comportamentos diferentes: os resíduos gerados pelos veranistas, explica Letícia, são bem típicos: eles geralmente não cozinham em casa e seus resíduos são menos misturados. “Será preciso encontrar o ponto ótimo, para que o equipamento a ser construído ou instalado não fique ocioso, nem tampouco deficiente na operação”, explica Claudia. “Para manter um sistema funcionando, será necessária a entrada de matéria-prima ao longo do tempo e uma avaliação de quem irá ‘sustentar’ o sistema, ou seja, a população de moradores com ou sem a participação dos veranistas. A solução a ser adotada deve ser aquela que atenda melhor às pessoas, mas que seja a mais viável economicamente”.
Após a análise e a interpretação dos resultados, os pesquisadores do IPT irão se reunir com equipes da Secretaria de Meio Ambiente da prefeitura, da Cooperativa de Sucata União de Bertioga (Coopersubert) e da empresa responsável pelo serviço de coleta de resíduos para a identificação de oportunidades e definição de estratégias. Um programa de intervenção para a população, com a definição de metas e a elaboração de estratégia de sensibilização, virá em seguida.
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